quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Não existem 'novas mídias' no Brasil

Por Luiz Carlos Azenha

Quando eu era criança, em Bauru, existia uma figura quase mítica chamada coronel Amazonas.
Eu digo mítica porque não consigo encontrar hoje em dia informação sobre este personagem, que com certeza foi importante para implantar a primeira rede de televisão de alcance nacional no Brasil, se de fato ele fez o que era atribuído a ele.
O coronel Amazonas era o homem das torres.
Naquele tempo não existia satélite e as imagens de TV eram distribuídas a partir de torres que ficavam na parte alta das cidades.
Era o tempo do regime militar e uma das poucas coisas que as pessoas reinvindicavam, então, era um sinal de TV sem chuvisco.
Teve muito vereador e prefeito do interior que se elegeu graças ao bom sinal de TV que “trazia” para a cidade.
O mítico personagem de minha infância, o coronel Amazonas, era quem cuidava da expansão da Rede Globo.
Pelo que contavam, ele chegava na Prefeitura, pedia um terreno na parte alta da cidade, ganhava o terreno público, instalava os equipamentos e o sinal da Globo chegava sem chuviscos.
A Globo tinha uma relação simbiótica com o regime e facilidade para importar equipamentos.
Era uma vantagem enorme em relação aos concorrentes, já que ninguém queria ver TV com chuviscos.
O sinal da Globo era limpinho. O das outras emissoras, quando chegava, era irregular.
Estou falando do tempo em que a TV tinha acabado de ser importada dos Estados Unidos.
Do tempo em que a doutrina de segurança nacional tinha acabado de ser importada dos Estados Unidos.
Do tempo em que parte da esquerda brasileira queria importar o foquismo, de Cuba.
O foquismo dizia que para fazer a revolução você precisava criar um foco numa área geográfica e, a partir daí, expandir o bolo.
A esquerda queria expandir o bolo para fazer a revolução.
A direita dizia que era preciso primeiro crescer o bolo, para só depois dividir.
O foquismo não foi para frente no Brasil, mas lutar contra ele foi a justificativa para que o regime militar e a Rede Globo fossem para a frente.

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