terça-feira, 8 de maio de 2012

Internet provoca tsunami em universidades americanas

Ao longo dos últimos meses, algo mudou no cenário da educação online norte-americana. A elite que dita o ritmo das universidades abraçou a internet. Não há muito tempo, cursos online eram só experiências interessantes. Agora, a atividade online está no cerne de como essas escolas vislumbram seu próprio futuro.
Na semana passada, Harvard e o Massachusetts Institute of Technology (MIT) anunciaram o investimento de US$ 60 milhões para oferecer cursos online. Dois professores de Standford, Andrew Ng e Daphne Koller, montaram uma empresa, Coursera, que oferece cursos interativos em Humanidades, Ciências Socias, matemática e engenharia. Entre seus parceiros estão as Universidades de Stanford, Michigan, Penn e Princeton.
O que aconteceu com o mercado de jornais e revistas está prestes a acontecer com a educação superior: uma reordenação via web.
Muitos de nós veem a mudança com inquietação. Será que a aprendizagem online diminuirá o contato direto entre pessoas, relação que define a experiência universitária? Será que ela vai impulsionar os cursos funcionais de Administração e marginalizar temas de difícil digestão online como a filosofia? A navegação online substituirá a leitura aprofundada?
As dúvidas são justificáveis, mas há mais razões para se sentir otimista. Em primeiro lugar, a aprendizagem online dará a milhões de estudantes o acesso aos melhores professores do mundo. Milhares de estudantes já tiveram aulas de contabilidade com Norman Nemrow, da Brigham Young University, aulas de robótica com Sebastian Thrun, de Stanford, e Física com Walter Lewin, do MIT.
Pesquisas sobre aprendizagem online sugerem que ela, de modo geral, é tão eficaz quanto a da sala de aula. É mais fácil adaptar a experiência do aprendizado ao ritmo pessoal do aluno e a suas preferências. A aprendizagem online se mostra especialmente útil no ensino de idiomas e no ensino supletivo.
As perguntas reais devem ser: como mesclar informações online com discussões cara a cara, tutoriais, debates, orientações, escritos e projetos? Como construir capital social capaz de desenvolver comunidades de aprendizagem vibrantes?
Os primórdios da web democratizaram radicalmente a cultura, mas agora estamos vendo uma luta pela qualidade na mídia e em outros lugares. As melhores universidades americanas deveriam ser capazes de se tornar referência na web.
Minha aposta é de que será mais fácil ser uma universidade péssima na internet, mas também será possível que as escolas e alunos mais comprometidos sejam melhores do que nunca.
Resumo do texto de David Brooks
Estadão / The New York Times

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