quinta-feira, 10 de maio de 2012

Uniforme dedo-duro ou uniforme inteligente

Além das já conhecidas câmeras de vigilância, catracas eletrônicas e leitores ópticos - ferramentas que tem uma ligação histórica com o universo militar e policial e foram também implantadas no meio corporativo – uma nova ‘solução’ acaba de ser incorporada ao ambiente escolar: o ‘uniforme dedo-duro’ ou ‘uniforme inteligente’, como ficou conhecido na mídia nacional e internacional.
No dia vinte de abril, aproximadamente 20 mil alunos de 25 escolas municipais de Vitória da Conquista (BA), receberam camisetas chipadas que, através de um sistema de rádio-frequência (RFID), envia mensagens via celular aos pais avisando se a criança entrou ou não na escola.
O secretário de educação da cidade, Coriolano Moraes, explica que a solução foi adotada com o objetivo de “aproximar os pais da escola, fazendo com que eles se tornem corresponsáveis pela educação dos próprios filhos”. Segundo ele, o objetivo central da medida seria dar aos pais a tranquilidade de saber que horário seus filhos entraram e saíram da escola.
Entretanto, segundo Fernanda Bruno, o fato merece discussão. Doutora em comunicação e cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professora na mesma universidade e estudiosa de temas relacionados a dispositivos de visibilidade e vigilância, ela avalia que o uso de RFID em uniformes amplia ainda mais a presença crescente de tecnologias de controle e vigilância, mas que a adoção de tais dispositivos pelas escolas não parece estar acompanhada de um projeto pedagógico que a sustente. Para ela, a pergunta é ainda mais relevante: o uniforme inteligente pode, por si só, fazer com que alunos compreendam a importância da presença nas aulas ou pais realmente se aproximem mais da escola e se interessem pela vida escolar de seus filhos?
Está aberto o debate!!!

Por Cristiane Kampf
Comciência

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